segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Minha lesbiandade: Lorena


Este é o segundo texto da série "Minha lesbiandade", cujas autoras contam sobre a descoberta de sua lesbiandade. O texto a seguir é de Lorena, 22 anos, carioca.


Bem, a descoberta da minha lesbiandade foi aos 14 anos. Eu ja tinha beijado homens mas nunca senti nada de mais, e sempre quis beijar mulheres, até que conversei com uma colega da escola e ela era bi, ficamos e logo em seguida transamos, perdi a virgindade com ela. Meus pais descobriram e foi um inferno, meu pai disse que me preferia morta do que lésbica, minha mãe não era contra nem a favor. Depois a condição deles era que eu fosse, mas longe, sem a família saber e sem me expor. 

Um dia contei pra uma prima que eu julgava confiável, mas ela contou pra uma parte da família e meus pais me tiraram tudo: celular, internet, roles. Começaram a dizer que não levavam a sério pq eu não tinha nem transado e nem me relacionado sério com homens. Caí nessa chantagem e acabei ficando com um cara. Mesmo que durante o tempo em que eu estava com ele eu tenha me apaixonado por outras mulheres, eu achava que tinha que seguir tentando fazer daquela ilusão algo bom e real. Acabei engravidando sem querer e, com aproximadamente 6 meses da minha filha, eu vi que tava infeliz demais pra continuar me negando daquele jeito. Terminei e me assumi. 

Meu pai não fala mais nada, minha mãe me apoia, assim que contei que tinha terminado ela disse que sabia que eu ia me assumir, que ela só queria me ver feliz, e ela sabia que eu não estava antes. Comecei a namorar e, quando me senti segura, coloquei no Facebook, assim a família toda soube de uma vez. Ninguém fala nada, pelo menos não para mim. 

No fundo, mesmo com um homem, eu sempre soube, desde aquele primeiro beijo naquela primeira garota, que eu era(sou) lésbica, eu só tentei fugir de mim mesma sabe? Eu achei que se eu enganasse os outros conseguiria me enganar também, mas, não. Não da para viver assim, não da MESMO. Depois que eu aceitei que era(sou) lésbica eu sinto que tirei um peso das costas. 

Hoje em dia eu sou feliz, apesar do medo do mundo em que vivemos, dou a cara a tapa todo dia e não nego mais quem eu sou. 
Não tem nada melhor do que isso. 
Sigo resistindo. 

Lorena, 22 anos, feminista radical.

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