terça-feira, 5 de janeiro de 2016

A saúde sexual da lésbica: porque não nos importamos tanto com ela?

[Esta é a primeira postagem de uma série sobre saúde lésbica, tratando não só da saúde sexual, como também da emocional, psicológica... Em breve, mais textos sobre o assunto, aguardem!]

Saúde é um tema que não é muito discutido entre lésbicas. Quem de nós se sente confortável em falar para a outra sobre algum receio nosso com relação à nossa saúde? De onde esse medo vem?

Enquanto mulheres, somos ensinadas que todo assunto relacionados a nós é um tabu, desde masturbação e vagina até qualquer assunto mais simples que seja. Isso causa um medo muito grande de debater questões de saúde que precisam ser debatidas e que por muitas vezes são colocadas em segundo plano (ou em terceiro), o que pode ser bem preocupante e negativo. Visto que estamos falando de lésbicas, vemos isso fica bem pior. Somos mulheres que se relacionam afetivo e sexualmente somente com outras mulheres, logo, é necessário que cuidemos de nossa saúde. Neste ponto aqui, falo especificamente da saúde sexual.

Você, lésbica, que está lendo, quantas vezes você já fez um teste de DST na vida? Você sabia que é necessário que seja feito esse teste pelo menos uma vez por ano? Não estou falando isso porque somos um “grupo de risco”, como tentam nos fazer acreditar de modo que cada vez mais nos sintamos sujas e criminosas por sermos lésbicas, e sim porque é necessário, é uma questão de saúde. Você pode, sim, pegar uma DST ao se relacionar com outra mulher, e você precisa, sim, fazer esse teste e se informar sobre o assunto. Precisamos estar a par desse assunto, pois ele nos diz respeito tanto quanto a qualquer outra pessoa. E precisamos, sim, debater sobre isso, compartilhar conhecimento, experiência, modos de prevenção, pois, como bem sabemos, não há um tipo de prevenção para lésbicas a não ser aquele que adaptamos para as nossas relações.

Bom, há uma proteção para sexo oral chamada Dental Dam [http://jornalluas.blogspot.com.br/2008/02/voc-j-ouviu-falar-de-dental-dam.html – nesse link há uma explicação sobre o que é e como funciona em português], porém ela não é vendida no Brasil, é preciso exportar através de alguns sites, sendo a Amazon o site mais popular a se comprar. Entretanto, por mais que seja barato, nem todas nós temos dinheiro para comprar ou um cartão internacional.

Então, como podemos nos prevenir?

É possível usar um filme de plástico durante o sexo oral, afinal, a maneira mais comum de se transmitir uma DST é através do sexo oral, já que algumas doenças encontram na mucosa da boca uma porta de entrada para o microrganismo. E tem mais! Não é recomendado também fazer sexo oral logo após ter escovado os dentes e ter usado o fio dental, pois pode-se ferir a gengiva e isso facilita a transmissão de algumas infecções.

“Mas, Papo Reto, e o gosto que sentimos ao fazer o sexo oral, como fica? Ah, o gosto... <3”

Sim, sabemos que isso compromete de sentir o gosto, além de quem já usou relatar que não é confortável. Mas, segundo dizem, existe camisinha própria para a língua. Sim! O problema é que são vendidas em Sex Shops... Nem todas gostamos de ir a Sex Shop (eu, Lacuna, por exemplo), mas digamos que nesse caso é necessário.

Há outras dicas que você pode encontrar nesse link: http://sapatomica.com/blog/2012/06/14/sexo-seguro-e-sexo-inteligente-2/.

E tem mais, faça Papanicolau pelo menos uma vez por ano. Ele pode detectar doenças como HPV e demais infecções. É muito importante que seja feito esse exame todo ano. Também é importante fazer o exame chamado “ultrassom transvaginal”, pois este pode detectar tumores, sangramento vaginal anormal, infecções (assim como o Papanicolau), pólipos uterinos, dor pélvica e também a endometriose.

É difícil irmos à ginecologista, pois por muitas vezes não nos respeitam e não nos examinam, e isso faz com que tenhamos traumas. A lesbofobia nos consultórios nos faz abandonar a ginecologista, e isso faz com quem não saibamos como anda a nossa saúde vaginal, e não podemos deixa-la de lado. Infelizmente, é necessário a ida à ginecologista, ou pelo menos nos informarmos de métodos para nos examinarmos em casa e de nos tratarmos de maneira natural e segura. Porém, isso não anula a necessidade de irmos à ginecologista, de fazermos exames. Não sabotemos nossa saúde, pois ela é importante.

Por: Lacuna Rat



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